18 de jun. de 2013
Uma das bandeiras levantadas nesta segunda-feira (17) pelos
manifestantes de diversas capitais do Brasil pede o arquivamento da
Proposta de Emenda Constitucional 37/2011. Se aprovada, o poder de
investigação criminal seria exclusivo das polícias federal e civis,
retirando esta atribuição de alguns órgãos e, sobretudo, do Ministério
Público (MP).
A PEC 37 sugere incluir um novo parágrafo ao Artigo 144 da Constituição
Federal, que trata da Segurança Pública. O item adicional traria a
seguinte redação: "A apuração das infrações penais de que tratam os §§
1º e 4º deste artigo, incumbem privativamente às polícias federal e
civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente".
A justificativa apresentada pelo autor da PEC,
deputado Lourival Mendes (PT do B - MA), ressalta que não há prejuízo
para a investigação criminal em comissões parlamentares de inquérito
(CPIs), o que é garantido por um outro dispositivo presente na Carta
Magna. Porém, ele evoca um livro do desembargador Alberto José Tavares
da Silva, para quem "a investigação de crimes não está incluída no
círculo das competências legais do Ministério Público", levando diversos
processos a serem questionados nos tribunais superiores.
Reação
Diante da tramitação da PEC 37 na Câmara dos Deputados, diversas
organizações lançaram a campanha "Brasil contra a impunidade", acusando a
proposta de beneficiar criminosos. Utilizando dados do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), o grupo alega que apenas 11% das ocorrências
sobre crimes comuns são convertidos em investigações policiais e, no
caso dos homicídios, somente 8% são apurados.
Ao mesmo tempo, apontam que graças ao trabalho do Ministério Público
Federal foram propostas 15 mil ações penais entre 2010 e 2013. Se tais
casos fossem repassadas à Polícia Federal, os crimes poderiam não ser
julgados. Eles acabariam prescritos caso as investigações não se
concluíssem a tempo.
Participam da campanha a Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público (CONAMP), o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), a
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação
Nacional do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(AMPDFT), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e a
Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM).
Aperfeiçoamento
No final do mês passado, o relator da PEC 37, deputado Fabio Trad
(PMDB/MS), ressaltou que um grupo de trabalho havia sido formado para
aperfeiçoar a proposta. Os integrantes concordavam que o MP deveria ter a
prerrogativa de investigar casos específicos e que faltaria definir e
regulamentar de que forma seria essa atuação.
No entanto, integrantes do Ministério Público Federal (MPF) rejeitaram ontem (17) a proposta alternativa
apresentada. Segundo o presidente da ANPR, Alexandre Camanho, mesmo com
a flexibilização, "qualquer das duas redações da PEC 37 tornariam a
investigação por parte do MP inexequível".
O grupo de trabalho se comprometeu a entregar um relatório final amanhã (19)
ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves. A apreciação da
PEC 37 pelo plenário da casa está prevista para o dia 26 de junho.
Segundo Henrique Alves a votação acontecerá “de forma irreversível” na
data marcada.